segunda-feira, 4 de maio de 2015

Iroko ajuda a feiticeira a vingar o filho morto.




"Iroko era um homem bonito e forte
e tinha duas irmãs.
Uma delas era Ajé, a feiticeira,
a outra era Ogboí, que era uma mulher comum.
Ajé era feiticeira, Ogboí, não.
Iroko e suas duas irmãs vieram juntos do Orum
para habitar o Aiê.
Iroko foi morar numa frondosa árvore
e suas irmãs, em casas comuns.
Ogboí teve 10 filhos
e Ajé teve só um, um passarinho.

Um dia, quando Ogboí teve de se ausentar,
deixou os 10 filhos sob a guarda de Ajé.
Ela cuidou bem das crianças até a volta da irmã.
Mais tarde, quando Ajé teve também que viajar,
deixou o filho-pássaro com Ogboí.
Foi então que os filhos de Ogboí pediram a mãe
que queriam comer um passarinho.
Ela lhes ofereceu uma galinha,
mas eles, de olhos no primo, recusaram.
Gritavam de fome, queriam comer,
mas tinha que ser um pássaro.
A mãe foi então na floresta caçar passarinhos,
que seus filhos insistiam em comer.
Na ausência da mãe, os filhos de Ogboí mataram,
cozinharam e comeram o filho de Ajé.
Quando Ajé voltou e se deu conta da tragédia,
partiu desesperada a procura de Iroko.
Iroko a recebeu em sua árvore, onde mora até hoje.
E de lá, Iroko vingou Ajé,
lançando golpes sobre os filhos de Ogboí.
Desesperada com a perda de metade de seus filhos
e para evitar a morte dos demais,
Ogboí ofereceu sacrifícios para o irmão Iroko.
Deu-lhe um cabrito e outras coisas
e mais um cabrito para Exu.
Iroko aceitou o sacrifício e poupou os demais filhos.
Ogboí é a mãe de todas as mulheres comuns,
mulheres que não são feiticeiras,
mulheres que sempre perdem filhos
para aplacar a cólera de Ajé e de suas filhas feiticeiras.
Iroko mora na Gameleira-Branca
e trata de oferecer a sua justiça
na disputa entre as feiticeiras e as mulheres comuns".

Osamaro Ibie, 1993, vol. 3, pp. 29-30.

Um comentário:

  1. Muito legal, sabedoria que traz fé aos nossos corações de mães comuns num mundo de magias!!!

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